Diário da tua ausência

Já não me lembro das noites em que desejei ter-te ao meu lado, um beijo no ombro, um abraço prolongado e uma vida contigo. Hoje fico radiante por te ver longe. Por te ter longe. Por não te querer perto. Tu eras tão grande em mim que me tapavas o céu, a lua e as estrelas. Eras tu em cada sonho, em todos os pensamentos. E eu? O teu coração mantinha-me sufocada em ti, enquanto te esquecias de que eu também tinha um a bater-me no peito. Nunca cuidaste dele. Nunca soubeste cuidar de mim. Acreditas agora em tudo o que te dizia, com a dor do abanão que te dei? Foi um abanão em mim. Naquilo que eu era. Naquilo que eu não queria ser. O teu coração não é mais dono do meu. Eu não quero assim. É que quem guarda o sol na alma não precisa da luz de outra pessoa para brilhar e eu, quando esqueci as noites de sonhos contigo, lembrei-me de que a tua luz interior fui sempre eu e nunca, nunca o contrário.