Tu, como a lua em mim

Às vezes apetece-me sonhar que uma noite destas vens tomar conta do meu sofá e aconchegar-me no teu peito, enquanto assistimos a um daqueles filmes que nos enchem a alma e nos emprestam o sabor da felicidade. Gozas comigo por me veres disfarçar ao não ser capaz de conter uma ou outra lágrima e brincas com o meu ar de menina, embrulhada numa manta cor-de-rosa, ao mesmo tempo que vais fazendo malabarismos com a colher ao levar-me gelado à boca. Lambuzas-me propositadamente e ris quando percebes pelo meu olhar de não perdes pela demora que a qualquer momento vou contra-atacar. Mergulho a colher no balde de chocolate com menta, pinto-te o nariz e desato a correr descalça pelo chão da sala, enquanto te levantas do sofá e me persegues até me prenderes nos teus braços e cairmos no chão, perdidos em sorrisos que nascem do lado de dentro, quais crianças pequenas. Por uma noite, esquece-mo-nos do resto do mundo e pensamos como seria bom vivermos apenas os dois, sem nos cansarmos, sem nos magoarmos. Ali, deitada ao teu lado, à luz de uma lua cheia que nos entra pela janela, procuro nos teus olhos o motivo para me ter esquecido do meu coração entre os teus dedos. Não sei porque me deixei levar desta maneira, mas sei que me despes os medos a cada beijo. Pergunto-te baixinho ficas só por hoje?, tu sussurras fico sempre que quiseres.